sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Animais acidentados – Primeiros Socorros (4ª Parte)

Reanimação cardiopulmonar

Em casos de traumatismos graves ou outras situações em que o animal entre em choque pode haver uma paragem respiratória e/ ou cardíaca. Nestes casos é necessário iniciar as manobras de reanimação ao animal mesmo antes de ele chegar à clínica veterinária, na tentativa de restabelecer a respiração e o batimento cardíaco para que o cérebro e outros órgãos vitais recebam oxigénio.
Para fazer a reanimação devemos:
- Verificar que o animal está inconsciente (falar com ele, tocar-lhe).
- Caso esteja incosnciente verificar se há respiração (movimentos do tórax, saída de ar pelas narinas/boca).
- Se estiver inconsciente e com paragem respiratória deitá-lo obre o seu lado direito.
- Estender a cabeça e o pescoço e esticar a língua. Caso haja alguma coisa a obstruir a passagem do ar (saliva, vómito, etc) tentar retirar.
- Se dentro de 10 segundos o animal não respirar por as mãos em torno do focinho para fechar a boca do animal e fazer respiração boca a focinho 3 a 5 vezes (verificar que o tórax mexe ao insuflar o ar).
- Averiguar se o animal tem batimento cardíaco colocando a mão no tórax, no local onde o cotovelo bate quando se dobra a pata ou se tem pulso na artéria femoral (na parte de dentro da coxa).
- Se não houver batimento cardíaco nem pulso começar as compressões no tórax. Em cães com menos de 10 kg e gatos comprimir o tórax com uma mão de cada lado e em cães maiores fazer compressão com as duas mãos do mesmo lado do tórax.
- Fazer 12 compressões torácicas seguidas de uma respiração boca a focinho.
A reanimação deve ser feita enquanto o animal é transportado para o veterinário ou até que o coração volte a bater.


sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Animais acidentados – Primeiros Socorros (3ª Parte)

Choque

O choque ocorre quando por algum motivo o organismo não consegue fazer chegar oxigénio suficiente aos órgãos ou quando os órgãos não conseguem usar devidamente o oxigénio que lá chega.
As causas mais comuns de choque são traumatismos (lutas, acidentes), envenenamento, picadas de insectos, vómito ou diarreia grave, queimaduras, obstruções respiratórias ou paragem cardíaca.
Os sinais que indicam que o animal pode estar em choque são:
- Excitação ou prostração
- Aumento da frequência cardíaca
- Mucosas pálidas ou azuladas
- Pulso normal que rapidamente enfraquece
- Temperatura baixa
- Respiração muito acelerada ou muito lenta

Numa situação de choque o dono deve tomar medidas imediatas para ajudar o seu animal e dirigir-se o mais rapidamente possível à clínica veterinária:
- Imobilizar o animal
- Ajudar o animal a respirar caso haja dificuldade
- Parar alguma hemorragia visível
-
Cobrir o animal com roupa quente

-
Proteger as zonas onde possa haver fracturas

- Não dar qualquer tipo de medicamento (aspirina, ben-u-ron, anti-inflamatórios) que não tenha sido indicado pelo veterinário naquele momento

-
Não deixar o animal andar nem entrar ou sair do carro sozinho porque o movimento pode agravar as hemorragias internas

-
Não dar água nem comida ao animal pois ele pode engasgar-se e sufocar.
Os sinais em choque nem sempre são imediatamente evidentes, muitas vezes só são perceptíveis quando não há nada a fazer pelo animal. Por isso em situações de traumatismo ou caso o animal se encontre debilitado não hesite em levá-lo o mais rapidamente possível ao médico veterinário.


Animais acidentados – Primeiros Socorros (2ª Parte)

Hemorragias

No caso de uma hemorragia grave (perda de mais de 4 colheres de chá de sangue por kg de peso) é necessário que o dono tome medidas para a parar durante o transporte para a clínica. Para isso existem vários métodos:
- Compressão directa: colocar uma compressa, um pano limpo ou até a mão sobre a zona que está a sangrar e aplicar pressão. Em caso da compressa ensopar com sangue deve-se colocar mais compressas por cima e nunca retirar a compressa para não retirar o sangue coagulado. Se possível colocar uma ligadura pouco apertada sobre as compressas para poder ficar com as mãos livres.
- Elevação do membro ou cauda: em hemorragias das patas ou cauda deve-se tentar colocar a zona que sangra acima do nível do coração para que pare. Pode ser feito em conjunto com a compressão.
- Pressão nas artérias da zona: pode ser aplicada na artéria femoral (lado de dentro da coxa) caso haja feridas numa das patas traseiras, na artéria braquial (lado de dentro do braço) caso a ferida seja numa pata da frente ou na artéria caudal (base da causa) se houver feridas na cauda.
- Torniquete: só deve ser feito em caso de hemorragias que ponham em causa a sobrevivência do animal e caso possa ser necessária amputação do membro pois este procedimento pode incapacitar o membro permanentemente. Faz-se usando um pedaço de tecido largo pa
ra dar duas voltas ao membro e atando. Colocar um pequeno pau no nó e rodar até que a hemorragia pare. O torniquete deve ser solto de 20 em 20 minutos durante 20 segundos.
Nas hemorragias internas geralmente há acumulação de sangue no est
ômago ou no tórax. Normalmente não são visíveis do exterior mas existem sintomas indicativos:
- Mucosas pálidas (gengiva)

- Temperatura baixa (patas, orelhas)
- Tosse com san
gue
- Prostração extrema

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Animais acidentados – Primeiros Socorros (1ª Parte)

Existem muitas situações de emergência em que os donos do animal precisam de lhe prestar os primeiros cuidados, ainda antes de o transportar para o médico veterinário. Alguns exemplos são os acidentes de viação, as lutas entre animais, tiros e as quedas em altura (janelas, varandas, etc) em que muitas vezes os animais ficam gravemente feridos. Nestas situações podem ocorrer fracturas diversas, perdas de sangue significativas quer através de feridas externas quer por hemorragias internas (não visíveis) e o animal pode entrar em choque. A primeira coisa a fazer nestes casos é proteger-se de mordidelas pois um animal com dores pode tornar-se agressivo. Se for necessário deve colocar um açaime ou uma fita na boca do animal antes de o manipular.

Transportar o animal até ao veterinário

É importante que as pessoas tomem alguns cuidados ao transportar um animal ferido para o veterinário pois alguns erros podem piorar o estado do animal.
- Manipular o menos possível e com cuidado: tentar que o animal se deite por si próprio e colocá-lo numa maca improvisada (madeira, lençol), numa caixa transportadora ou mesmo numa caixa de cartão (o caso de animais de pequeno porte).
- Tentar que o animal se deite lateralmente ou sobre a barriga, de acordo com a posição em que se sinta mais confortável.

- Minimizar os movimentos do animal: animais inconscientes ou com suspeita de lesão na coluna (não se levantam) devem ser deitados sobre uma superfície rígida e atados para que se mexam o menos possível. Evitar movimentos bruscos que podem piorar as hemorragias internas e as fracturas existentes.
- Não pressionar o estômago principalmente quando há dificuldade respiratória, vómitos ou dor abdominal.
- Posicionar a cabeça alinhada com o corpo se o animal estiver inconsciente (não colocar a um nível muito superior nem muito inferior porque pode interferir com a circulação sanguínea).
- Se o animal quiser vomitar por a cabeça inclinada para baixo de forma a que o vómito não entre no canal respiratório. Deve-se ter em atenção que animais com lesões na cabeça podem vomitar mesmo estando inconscientes.

- Cobrir o animal com um cobertor pois impede perca calor, acalma-o e pode ser usado para o transportar.

- Conduzir com cuidado e ter calma para evitar acidentes e multas indesejadas.

- Contactar o veterinário mais próximo para saber qual o melhor caminho para o local e para que na clínica estejam à espera do seu animal quando lá chegar.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Dia Mundial do Animal - 4 de Outubro


Hoje é o dia Mundial do Animal que foi criado por ecologistas, em 1931 para alertar as pessoas para o problema das espécies em vias de extinção.
Actualmente comemora-se o Dia do Animal como uma forma de lembrar que todos os animais, desde os domésticos aos selvagens, merecem todo o carinho e respeito dos seres humanos.

Para comemorar este dia da melhor forma não se esqueça do seu animal de estimação, dê-lhe um mimo, um brinquedo, faça uma caminhada mais longa com ele ou simplesmente dedique mais algum tempo a brincar com ele…e se puder faça com que tudo isso se torne possível mais vezes.
FELIZ DIA DO ANIMAL!

domingo, 3 de outubro de 2010

CASTRAÇÃO OU ESTERILIZAÇÃO


Pergunta: “Das duas vezes que fui ao veterinário foi falado da esterilização e não de castração. Eu queria saber a diferença das duas intervenções. É que segundo o que li, a esterilização faz com que as gatas tenham cio mais vezes. Tendo em conta que a minha gata esta em apartamento não seria melhor a castração? E que diferença de preço há entre as duas intervenções? …”

Resposta: Na prática veterinária usa-se os termos esterilização para as fêmeas e castração para os machos. No dicionário estão as seguintes definições:

Esterilização é a retirada total de condições de reprodução da vida, seja a que nível for. Assim, o processo de esterilização compreende aquela realizada em materiais cirúrgicos que serão utilizados em seres humanos pelo médico ou em animais pelo veterinário, como compreende também os métodos cirúrgicos realizados para evitar a gravidez.

Castração é um acto que incapacita-se o indivíduo de reproduzir-se sexualmente, e suprime seu aporte de hormonas sexuais (testosterona, no macho, e estrogênio, na fêmea). O acto consiste na extirpação das gônadas (gonadectomia): testículos na castração masculina (orquiectomia); ovários na castração feminina.

No caso dos animais domésticos a cirurgia para esterilizar/ castrar fêmeas engloba por rotina e recomendavelmente a retida dos ovários e do útero para evitar possíveis patologias do útero. No caso dos machos a cirurgia restringe-se à retirada dos testículos. Os animais ficam estéreis. Se eventualmente numa fêmea fosse retirado somente o útero e não os ovários, esta cirurgia seria realmente uma esterilização (que evitava a reprodução) mas não uma castração (mantendo os cios do animal).

Na nossa clínica veterinária, na cirurgia de esterilização a fêmeas são sempre retirados ovários e útero, impedindo a procriação e evitando cios indesejados. Evitamos assim possíveis piometras, tumores do útero e mama (quando realizada antes do 1ª cio) e outras patologias associadas ao aparelho reprodutor.

Em termos de preço a questão não se coloca, pois não recomendamos só a castração em fêmeas (retirada somente dos ovários).

Consulte o seu médico veterinário e pergunte-lhe em que consiste a cirurgia a que vai ser submetido o seu animal e retire todas as dúvidas.