segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Displasia da anca

A displasia da anca é uma doença que afecta a articulação coxo-femural (articulação da anca) e é devida a má conformação na articulação da bacia, na cabeça do fémur e/ou alterações dos tendões e ligamentos dessa articulação. Esta doença ortopédica é das doenças hereditárias mais comuns nos cães e pode surgir em qualquer raça embora seja mais comum em raças grandes e de crescimento rápido como os Labradores, Pastores alemães, Serras da Estrela, Rafeiros alentejanos e Rottweilers por exemplo. Em 90% dos casos é bilateral afectando as duas articulações.

É uma doença do desenvolvimento pois o animal nasce normal e a articulação coxo-femural sofre depois alterações que levam à sua deformação e desgaste. Isto acontece porque os músculos, tendões e a cápsula articular crescem mais lentamente do que o osso e não têm resistência suficiente para manter os ossos da articulação no lugar correcto. Muitas vezes ocorre mesmo subluxação da anca (o fémur fica mal encaixado na cavidade da bacia) e a longo prazo há desgaste do osso e formação de artroses.

Sendo a displasia da anca uma doença geneticamente recessiva, tanto o pai como a mãe do cachorro podem não ter e mesmo assim os filhotes vir a desenvolvê-la. Da mesma forma um cão saudável cujo pai ou mãe tenham a doença pode transmiti-la à descendência. O risco de transmissão é sempre maior se um dos progenitores tiver algum grau de displasia.

Além dos factores genéticos existem outros que podem aumentar a predisposição para esta doença como:

- Factores ambientais (piso escorregadio),

- Alimentação pouco equilibrada ou em excesso,

- Excessiva suplementação de cálcio e vitaminas

- Excesso de exercício.

Todos os animais de raças predispostas devem ser testados para avaliação do grau da doença, principalmente se forem usados em reprodução. A avaliação do grau de displasia é feito através de uma radiografia tirada com o animal sob sedação para que esteja relaxado e possa ser correctamente posicionado permitindo avaliar todos os ângulos da articulação. A classificação da displasia faz-se por categorias entre o A (sem displasia) e o E (displasia severa) e apenas devem ser cruzados animais livres de displasia e idealmente sem história da doença na família.

A idade ideal para o cão ser avaliado é aos 12 meses nas raças médias e aos 18 meses nas raças grandes e gigantes pois só com estas idades termina o seu desenvolvimento ósseo. Os métodos mais precoces de detecção permitem fazer esta avaliação a partir dos 4 meses de idade embora nesta fase os resultados não sejam tão fiáveis.


Um animal com displasia da anca pode ter sinais clínicos ou não. Entre os sinais mais comuns estão:

- Dificuldade em sentar ou levantar

- Alterações na marcha

- Dor à manipulação da articulação principalmente extensão

- Coxear após uma corrida

- Dificuldade em saltar ou subir escadas

- O animal evita a actividade física.

O tratamento pode ser médico ou cirúrgico dependendo do grau de displasia e da idade do animal. O tratamento médico é apenas conservador baseando-se em medicação para diminuir as dores, actividade física moderada, controlo do peso e descanso que fazem com que a doença progrida mais lentamente. O tratamento cirúrgico corrige definitivamente as alterações articulares.

Se tem um animal de raça predisposta a esta patologia deve:

- Controlar a quantidade da ração ingerida para evitar o excesso de peso

- Dar-lhe uma ração de boa qualidade que contém as quantidades de vitaminas e minerais necessários ao seu correcto crescimento

- Evitar suplementos nutricionais de vitaminas e cálcio a não ser os que forem aconselhados pelo médico veterinário

- Fazer exercício moderado, principalmente durante o período de crescimento evitando esforços.

Caso veja algum sinal clínico da doença deve consultar o médico veterinário para se aconselhar qual o tratamento mais adequado no caso do seu animal.

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