segunda-feira, 29 de junho de 2009

Carraças: um perigo à espreita

As carraças pertencem ao grupo dos artrópodes com maior importância dentro dos que afectam a saúde animal. Todos os tipos de carraças têm efeitos nocivos, nomeadamente a ingestão de sangue e a transmissão de doenças aos animais e ao Homem, vulgarmente conhecidas como febre da carraça. A ingestão de sangue por uma grande quantidade de carraças pode causar anemia levando a que o animal se torne mais susceptível a contrair outras doenças.

As carraças adultas diferenciam-se em machos e fêmeas, sendo a fêmea responsável por pôr os ovos. Escolhem locais com elevada temperatura e humidade onde põe milhares de ovos. Após eclodirem do ovo, as carraças vão passar por diferentes fases de desenvolvimento ao longo da vida (larva, ninfa e adulta) tendo de ingerir sangue de um hospedeiro para sobreviver e evoluir. A ingestão de sangue faz-se durante vários dias, no final dos quais a carraça cai no solo para passar para a fase seguinte de desenvolvimento. Quando não estão sobre o animal as carraças são dependentes do ambiente. Se as condições ambientais forem favoráveis, elas empoleiram-se na parte mais alta da vegetação para se fixarem num novo hospedeiro que passe por aquele local.
Em Portugal podemos encontrar:

Rhipicephalus sanguineus ou carraças pardas do cão: são as mais comuns. Parasitam cães alojando-se muitas vezes nas orelhas e pescoço. Têm preferência por viver em zonas citadinas, com pouca vegetação como jardins e parques onde habitem ou passem cães podendo inclusivamente viver dentro dos canis. Quando vivem dentro das construções podem completar o seu ciclo de vida mais rapidamente (1 ano). São mais activas na Primavera e Outono sendo transmissoras da Piroplasmose (babesia) e Ehrlichiose, doenças que também podem transmitir ao Homem.

Ixodes ricinus: são abundantes nos distritos de Viana do Castelo, Braga, Vila Real e Bragança sendo ainda encontrada em zonas do Alentejo junto da fronteira. Preferem bosques onde haja grande quantidade de folhas caídas, com temperaturas amenas e humidade. Os cães são hospedeiros das ninfas e os adultos são parasitas de aves, roedores selvagens e ruminantes (veados e bovinos). As ninfas são pequenas e difíceis de detectar e estão mais activas na Primavera. Este género de carraças transmite alguns vírus e a Borreliose ou doença de Lyme, que pode afectar o Homem de forma muito grave.

Dermacentor reticulatus: são as únicas carraças com um padrão de manchas escuras e claras. No nosso país restringem-se às zonas húmidas dos distritos da Guarda, Vila Real, Bragança e Viana do Castelo. Preferem zonas de grande humidade, sem árvores e com pouca vegetação. Geralmente são vistas entre Outubro e Março, parando a sua actividade caso haja neve. São parasitas exclusivos dos carnívoros domésticos (cão e gato) e silvestres (raposas) transmitindo a Piroplasmose (Babesia).

A eliminação destes parasitas do animal deve ser feita o mais rapidamente possível, antes que tenham possibilidade de lhe transmitir alguma doença ou de lhe causar anemia. Ao eliminar as carraças consegue-se ainda evitar que a fêmea sobreviva e ponha ovos no ambiente ou no canil. Para isso existem vários produtos no mercado, em forma de coleiras, sprays e pipetas (spot-on) que são eficazes a eliminar e a repelir carraças e também pulgas, piolhos e o mosquito que transmite a Leishmaniose. Para saber qual o produto mais adequado para o seu cão ou gato informe-se junto do seu médico veterinário.
Falaremos das doenças que as carraças transmitem em breve.

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